Juro não é tudo, mas Selic pode ir abaixo de 7%
A recessão na Europa deve se arrastar por mais uns dois anos e aqui analistas de bancos falam em crescimento entre 1,2% e 1,5% em 2012.
Não será surpresa se ao final deste ano a taxa básica de juros (Selic) estiver na casa dos 6%. A inflação perde força, a atividade econômica não reagiu até agora, a confiança é baixa e as notícias que vêm do resto do mundo só reforçam a percepção de que a crise externa será em formato de um "L" ou de "U", com o fosso mais prolongado. A desaceleração na China já levanta a suspeita de que o crescimento lá caia para a casa dos 6%.
A recessão na Europa deve se arrastar por mais uns dois anos e aqui analistas de bancos falam em crescimento entre 1,2% e 1,5% em 2012. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, considerou essas projeções uma "piada", mas até pouco tempo ele insistia em crescimento de 4,5% este ano. O que é compreensível pois ele se atribui um papel de estimulador, de garantidor da economia.
Se admitir que é 1,5%, por exemplo, acabará sendo 1%. Os últimos dados do IPCA mostram que junho teve a menor inflação (0,08%) desde agosto de 2010, quando foi de apenas 0,04%. Inflação, portanto, não é o problema central agora. Está acumulada em doze meses em 4,92% e deve convergir para algo mais próximo do centro da meta de 4,5% até o fim do ano.
Só a queda dos juros não é elemento suficiente para produzir crescimento econômico. A presidente Dilma Rousseff tem toda razão ao se debruçar sobre 2013. O ano de 2012 já está dado e há muito pouco a fazer a tempo de reverter o PIB até o fim do exercício. Agora ela precisa garantir algum alento para os dois últimos anos do seu mandato, antes que a crise se traduza em desemprego.