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Inflação e alta dos juros afetam pequeno e médio empresário

Para os pesquisadores o aumento da inflação tem um papel importante nesse movimento, pois afeta a renda das pessoas.

Pesquisa divulgada na última terça-feira pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), em parceria com o banco Santander, apontou queda generalizada nos índices de confiança do médio e pequeno empresário brasileiro com o futuro. Para os pesquisadores o aumento da inflação tem um papel importante nesse movimento, pois afeta a renda das pessoas.
"Nos últimos meses vimos que vários itens da cesta de consumo aumentaram e o salário não está acompanhando esse ritmo de crescimento. Isso tem impacto direto sobre a confiança do empresariado, porque afeta a renda das pessoas diminuindo seu poder de compra", afirmou o professor e pesquisador do Insper, José Luiz Rossi. "Outro impacto da inflação é a incerteza que ela gera em todos os setores da sociedade. Tanto as pessoas quanto as empresas ficam mais inseguras e adiam compra", complementou.
Ainda de acordo com a pesquisa, a perspectiva de investimento também teve forte queda. No segundo trimestre do ano passado, a média apontada pelos entrevistados foi de 71,3 pontos, no mesmo período desse ano, a média foi de 68,1, queda de 3,2 pontos percentuais. Esse o menor nível desde o terceiro trimestre de 2009, quando a pesquisa começou a ser realizada pelo Insper.
Um dos fatores que explica essa movimentação é o aumento promovido pelo governo na taxa básica de juros (Selic) nos últimos meses desse ano que tem encarecido a contratação de crédito e afetado as perspectivas de novos investimentos, em especial do micro e pequenos que são mais dependentes da captação de recursos via bancos.
"Certamente a taxa de juros influencia os pequeno e micro empresários que utilizam muito do financiamento de capital de giro de curto prazo, que já estão sensíveis ao aumento na taxa de juros. As grandes empresas tem diversas outras fontes de captação e por isso o impacto para elas não é tão grande", analisou Rossi.
O levantamento mostrou ainda uma queda expressiva confiança do pequeno e médio empresário brasileiro com os rumos da economia na comparação com o trimestre passado. O índice, que mostra a expectativa para os próximos três meses desse ano, foi de 66,2 pontos numa escala de 0 a 100. No trimestre passado a taxa foi de 73,4 pontos.
Os pesquisadores atribuem a queda na confiança com os rumos da economia as incertezas sobre os rumos do país, e com a perspectiva de mais um ano com baixo crescimento. "O índice mostra que os pequenos e médios empresários possuem uma perspectiva menos positiva sobre a evolução da economia no curto prazo. O aumento da incerteza sobre os rumos da economia, associada à subida da inflação e ao baixo crescimento, são, provavelmente, os fatores que provocaram este declínio", concluiu o pesquisador do Insper.
Nos demais itens investigados pela pesquisa, ramo de atividade; faturamento; lucro; contratação de empregados, também houve queda. Por ramo de atividade, a maior perda na confiança foi entre os empresários do comércio cujo índice atingiu 70,7 pontos ante 75,7 pontos. O setor de serviços atingiu 71,2 pontos ante 74,5; e o setor industrial alcançou 71,8 ante 75 no trimestre passado.
A perspectiva da contratação de funcionários também teve queda passando de 68,9 pontos no trimestre passado para 62,2. No quesito faturamento, a confiança para os próximos três meses caiu de 79,4 pontos para 78. O item lucro caiu de 77,4 para 76,9.

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